Desmascarando os mitos relativos ao casamento (4)

"Conhecereis a verdade e, a verdade vos libertará". João 8:32


Mito no 4: O mito do “casamento carrossel” diz que você pode entrar e sair de casamentos quando estiver entediado, descontente, estressado, ou quando tiver uma oferta melhor. Hoje em dia, estamos condicionados a querer gratificação instantânea. Se não gostamos das regras, levamos a nossa bola e vamos brincar em outro parquinho. Vivemos em uma sociedade descartável, e qualquer coisa que não funcione satisfatoriamente será substituída e não consertada. Tragicamente, transferimos esta mentalidade para nossos relacionamentos e substituímos as pessoas em nossas vidas que não jogam o jogo do nosso jeito. A cada geração nos tornamos mais intolerantes, impacientes, inflexíveis e nada criativos quando se trata de casamento. O mito do casamento carrossel nos diz que não precisamos lutar para lidar com os nossos problemas matrimoniais. Basta substituir!
Mas a verdade nos revela que isso é de fato um mito. Mais de 50% dos primeiros casamentos terminam em divórcio, 65% dos segundos casamentos e mais de 70% dos terceiros casamentos também. Está claro que, no que diz respeito a casamento, quanto mais nos casamos, piores nos tornamos no assunto! Na verdade, com poucas exceções, de acordo com as estatísticas, você terá mais chances de encontrar a felicidade em seu casamento atual, com todos os seus desafios, do que em um novo casamento. O jeito de Deus é a sua melhor opção sempre! Quando Ele diz: “O que Deus uniu, não separe o homem” (Mateus 19:6), a intenção Dele é que trabalhando e crescendo em meio aos obstáculos e oportunidades do seu casamento, você se torne um parceiro melhor e termine construindo um casamento mais feliz!

Porção diária: Porção Diária: Leia 2 Reis 20:1-11, Hb 8:7-13

Palavra para hoje: 14 de Agosto de 2009.

Desmascarando os mitos relativos ao casamento (3)

“Conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará.” João 8:32


Mito n° 3: O mito da “caixa cheia” sugere que quando nos casamos herdamos uma grande caixa cheia de coisas boas, que garantem a bênção matrimonial eterna e sem esforço. Esta caixa supostamente contém romance, realização física, generosidade e amor verdadeiro. Achamos que basta colocar a mão dentro dessa caixa e retirar o que quisermos de um suprimento inesgotável. Satisfação instantânea garantida a baixo custo! E a princípio, parece funcionar, e assim, acreditamos no mito. Até que, num certo dia de chuva, enfiamos a mão na caixa e ela volta vazia. A essa altura ficamos chocados, decepcionados, irados, desesperados e concluímos que nosso parceiro fracassou, nos enganou, ou nos abandonou. Por que outro motivo a caixa estaria vazia? A essa altura o mito lhe diz: “Está na hora de encontrar outra caixa!”, ou você pode ouvir a verdade que liberta:

a) o casamento é uma grande caixa, vazia. O seu trabalho é fazer depósitos suficientes para garantir as retiradas para um relacionamento rico. Jesus disse: “… A quantidade que você dá determina a quantidade que você recebe” (Lucas 6:38 NLT).

b) Você precisa começar perguntando: “O que eu gostaria de ter naquela caixa?” Então você deposita o suficiente para gerar aquela quantia. Veja, a caixa é só um recipiente, ela não falhou nem você tem uma caixa ruim. Você é o dono da caixa, e não vítima dela. Aceitar esta verdade liberta você para tornar seu casamento rico e recompensador, tornando-se alguém que dá e não alguém que tira!

Porção diária: Porção Diária: Leia Jr 45-48, Lc 6:37-49, Sl 109:16-31, Pv 15:23-26

Palavra para Hoje: 13 de Agosto de 2009.

Desmascarando os mitos relativos ao casamento (2)

"Conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará" Jo 8:32


Mito n° 2: O mito da “pessoa certa” sugere que a felicidade no casamento depende, inteiramente, de se encontrar a pessoa certa. Dizem que é uma questão de sorte, que depende do cupido, do alinhamento dos planetas, da intensidade do brilho do luar e ocasionalmente até de Deus. Encontre a pessoa certa e ela fará com que a sua vida seja super feliz, romântica, empolgante, realizada, abençoada. Ela será cercada, como diz a canção, daquela “intensa magia” que fascina e mantém você sob o seu feitiço, conduzindo-o pela terra encantada do amor eterno. E nada nos parece mais convincente. Apesar dos conselhos dos amigos e da família, abrimos mão de tudo e nos viramos do avesso para manter essa magia que vicia. Quando ela termina (e ela termina) acontecem três coisas:

1) Choramos, manipulamos, chantageamos, e mais tarde culpamos, denegrimos e achamos que a pessoa envolvida foi falsa por nos trocar e fazer da nossa vida um inferno. “Esse não é o homem com quem me casei”, reclamamos. Ele pode não ser a pessoa que você esperava que ele fosse (essa pessoa não existe fora da sua imaginação), mas é a pessoa com quem você se casou e o problema não está somente nele;

2) Rotulamos a pessoa de “a pessoa errada” e, ou vamos procurar a pessoa certa, ou desistimos do sexo oposto dizendo que ele é falso, infiel e inconstante e

3) Aprendemos a verdade: não existe a pessoa certa que nos faça felizes sempre. A essa altura, estamos libertos para encontrar a felicidade tornando-nos, nós mesmos, a pessoa certa, aquela que Deus nos criou para ser, dando com generosidade, permitindo que os outros sejam seres humanos reais, limitados, mutáveis, e buscando a nossa alegria em Deus!


Porção diária
: Leia Jr 41-44, Lc 6:27-36, Sl 109:1-15, Pv 15:22

Palavra Para Hoje: 12 de Agosto de 2009

Desmascarando os mitos relativos ao casamento (1)


“Conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará”. Jo 8:32


Muitos de nós estamos mal informados sobre o amor e o casamento, porque acreditamos em certos mitos. O mito do casamento perfeito é muito difundido entre nós, e é muito perigoso. Estabelecer expectativas irreais, sonhos impossíveis e fórmulas mágicas nos leva ao engano e à decepção, nos preparando para abandonarmos tudo no momento em que a nossa fantasia é confrontada pela realidade. Somente a verdade pode nos libertar para encontrarmos realização no casamento. Senão vejamos:

Mito no 1: O mito do “amor viral” insiste que o amor é algo que se pega, como se fosse um vírus; Em alguma noite mágica, quando você está no lugar certo e na hora certa, ele ataca você. Você pega o vírus e sua vida se transforma! O problema é que quando você está esgotada cuidando de três crianças, com dois empregos e dívidas para pagar, o “vírus” começa a morrer. Em meio ao redemoinho de pratos sujos, fraldas e rotina diária, algo precisa ser sacrificado. Então o romance sai do centro do palco e a realidade assume o lugar. Quando isso acontece, confundimos romance com amor verdadeiro e erroneamente pensamos que se ele foi embora precisamos ir atrás dele. A verdade é que o amor não morre porque o romance cedeu lugar à realidade. Se duas pessoas que um dia se apaixonaram estão dispostas a permanecerem juntas em meio aos desafios e às circunstâncias da vida em família, o romance pode renascer , mais forte e mais resistente do que nunca. O amor que se baseia unicamente no romance não funciona quando “na alegria” se encontra com “na tristeza”. O relacionamento que se baseia na decisão de amar “até que a morte nos separe” é o único confiável e constante. O romance nos une, enquanto, o amor nos mantém unidos!


Porção diária: Leia Ex 10-12, Mt 6:19-34, Sl 74:1-11, Pv 2:6.


Palavra Para Hoje: 11 de Agosto de 2009.

Houve um tempo em que as pessoas entendiam melhor Deus.

John Cornwell

W.B. Yeats escreveu que todas as nossas ideias sobre Deus são "lixo e purpurina", como um vestido de casamento de mau gosto que esconde a verdade que há por baixo. Karen Armstrong uma das melhores escritoras vivas sobre religião, concorda.

Mas, em seu último livro, "The Case for God" [Em Defesa de Deus, ed. Bodley Head, 376 págs., 20, R$ 62], afirma que houve um tempo em que as pessoas entendiam melhor Deus.

"O Deus moderno parece o Alto Deus da Antiguidade remota, uma teologia que foi unanimemente descartada ou radicalmente reinterpretada por ser considerada inapta", ela escreve. Em outras palavras, nossa ideia de Deus, sejamos ateus ou crentes, regrediu ao infantil.

Os maiores ofensores são aqueles que tratam Deus como um super-homem intervencionista, que resolve os problemas. O catálogo de Armstrong de culpados ineptos inclui políticos que apelam a Deus para justificar suas políticas, terroristas que o invocam para cometer atrocidades e cientistas que encaixam Deus em uma teoria física, mesmo que só para desbancá-lo.

A ciência, afirma a autora, teve uma influência profundamente equívoca em crentes e descrentes. Quando [o biólogo] Richard Dawkins ataca Deus, seu alvo é um absurdo superprojetista, necessariamente mais complexo que qualquer das complexidades da natureza. Além disso, há cientistas crentes que veem Deus como uma espécie de técnico de sintonia fina.

Na verdade, as noções modernas de Deus, diz Armstrong, são principalmente enganos de teólogos que, a partir do século XVII, tentaram explorar a ciência como um suporte da fé. Essa busca racional por Deus, diz ela, na verdade incentivou o ateísmo.

A autora também indica que a teologia baseada na ciência é notoriamente inconfiável. Quando um teólogo conjura Deus para preencher uma lacuna em nosso conhecimento, uma nova teoria pode ejetá-lo.

Deus insondável

E a ideia de Deus como uma "coisa" ou um "ser", ou um objeto no mundo que disputa a atenção com outros objetos, minou um sentido mais profundo e misterioso de Deus que se desenvolveu em todas as fés ao longo dos séculos.

Armstrong tenta isolar o que ela considera a ideia perdida crucial de Deus como o insondável e indizível. Qualquer coisa aquém de admitir a natureza inefável de Deus, insiste, leva à idolatria - adorar um deus de nossa própria criação. Por definição, não há uma maneira fácil de escrever sobre o inarrável.

Uma de suas tentativas, no centro do livro, envolve os ensinamentos do filósofo cristãoDionísio Areopagita [teólogo do século VI, assumiu como pseudônimo um nome bíblico].

"Primeiro temos de afirmar que Deus é", ela escreve. "Deus é uma rocha, Deus é uno, Deus é bom, Deus existe. Mas quando escutamos cuidadosamente a nós mesmos, caímos em silêncio, abatidos pelo peso do absurdo que há nessa conversa de Deus."

Na fase seguinte, negamos esses atributos. "Mas o "caminho da negação" é apenas tão impreciso quanto o "caminho da afirmação". Como não sabemos o que Deus é, não podemos saber o que Deus não é, e portanto devemos negar as negações...", ela diz.

A fase final, se você continuar a bordo, é um estado que os místicos chamam de "noite escura da alma", ou a nuvem do desconhecimento. É duro escrever sobre Deus, afirma. Assim como ler sobre Ele.

Amadurecimento

Mas apenas pensar em Deus não adianta; Armstrong insiste em que sentir Deus depende de oração, ritual, escritura e silêncio; é um processo, mais que uma conclusão lógica. E nenhuma fé individual tem o monopólio da iluminação.

Se as religiões conseguissem retornar à verdadeira iluminação, seríamos capazes, ela escreve, citando John Keats [1795-1821], de lidar com "incertezas, mistérios, dúvidas, sem qualquer busca irritante por fato e razão".

Quais são as perspectivas do apelo de Armstrong por uma compreensão mais iluminada? Alguns carolas começam a se voltar para uma abordagem mais criativa, menos científica e dogmática da fé.

Ela acredita que um entendimento mais maduro de Deus diminuiria o antagonismo entre ciência e religião, reduziria a violência inspirada na religião e provocaria mais compaixão.

Infelizmente, a história mostra que a maioria das tentativas de combater elementos prejudiciais dentro da religião tende a provocar reações dos extremos. Armstrong está consciente disso; mas este livro, escrito com paixão, prodigiosamente pesquisado, é uma súplica poderosa para se tentar.


Artigo Publicado na Folha de S.P dia 02 de Agosto de 2009,

Escrito por John Cornwell, autor de "Darwin's Anges"

Este artigo foi publicado no "Financial Times",

Tradução de Luiz Roberto Mendes Gonçalves

Neopaganismo Evangélico

Artigo do professor José Arthur Giannotti, publicado na Folha de São Paulo de 02/08/2009.



Estava passeando pela TV quando dei com um culto da Igreja Mundial do Poder de Deus. Teria rapidamente mudado de canal se não tivesse acabado de ler o interessante livro de Ronaldo de Almeida, "A Igreja Universal e seus Demônios - Um Estudo Etnográfico" [ed. Terceiro Nome, 152 págs., R$ 28], que me abriu os olhos para o lado especificamente religioso dos movimentos pentecostais. Até então, via neles sobretudo superstição, ignorando o sentido transcendente dessas práticas religiosas.
No culto da TV, o pastor simplesmente anunciou que, dado o aumento das despesas da igreja, no próximo mês, o dízimo subia de 10% para 20%. Em seguida, começou a interpelar os crentes para ver quem iria doar R$ 1.000, R$ 500 e assim foi descendo até chegar a R$ 1.
Notável é que o dízimo não era pensado como doação, mas simplesmente como devolução: já que Deus neste mês dera-lhe tanto, cabia ao fiel devolver uma parte para que a igreja continuasse no seu trabalho mediador. Em suma, doar era uma questão de justiça entre o fiel e Deus.
Em vez de o salário ser considerado como retribuição ao trabalho, o é tão só como dádiva divina, troca fora do mercado, como se operasse numa sociedade sem classes. Isso marca uma diferença com os antigos movimentos protestantes, em particular o calvinismo, para os quais o trabalho é dever e a riqueza, manifestação benfazeja do bom cumprimento da norma moral.
Se o salário é dádiva, precisa ser recompensado. Não segundo a máxima franciscana "é dando que se recebe", pois não se processa como ato de amor pelo outro. No fundo vale o princípio: "Recebes porque doastes". E como esse investimento nem sempre dá bons resultados, parece-me natural que o crente mude de igreja, como nós procuramos um banco mais rentável para nossos investimentos.
O crente doa apostando na fidelidade de Deus. Os dísticos gravados nos carros, "Deus é fiel", não o confirmam? Mas Dele espera-se reciprocidade, graças à mediação da igreja, cada vez mais eficaz conforme se torna mais rica. Deus é pensado à imagem e semelhança da igreja, cujo capital lança uma ponte entre Ele e o fiador.

Anticalvinismo

Além de negar a tradicional concepção calvinista e protestante do trabalho, esse novo crente não mantém com a igreja e seus pares uma relação amorosa, não faz do amor o peso de sua existência.
Sua adesão não implica conversão, total transformação do sentido de seu ser; apenas assina um contrato integral que lhe traz paz de espírito e confiança no futuro. Em vez da conversão, mera negociação. Essa religião não parece se coadunar, então, com as necessidades de uma massa trabalhadora, cujos empregos são aleatórios e precários?
Outro momento importante do livro é a crítica da Igreja Universal ao candomblé, tomado como fonte do mal. Essa crítica não possui apenas dimensões política e econômica, assume função religiosa, pois dá sentido ao pecado praticado pelo crente. O pecado nasce porque o fiel se afasta de Deus e, aproximando-se de uma divindade afro-brasileira, foge do circuito da dádiva. Configura fraqueza pessoal, infidelidade a Deus e à igreja.
Nada mais tem a ver com a ideia judaico-cristã do pecado original. Não se resolve naquela mácula, naquela ofensa, que somente poderia ser lavada pela graça de Deus e pela morte de Jesus, mas sempre requerendo a anuência do pecador.
Se resulta de uma fraqueza, desaparece quando o crente se fortalece, graças ao trabalho de purificação exercido pelo sacerdote. O fiel fraquejou na sua fidelidade, cedeu ao Diabo cheio de artimanhas e precisa de um mediador que, em nome de Deus, combata o Demônio. O exorcismo é descarrego, batalha entre duas potências que termina com a vitória do bem e a purificação do fiel.

Paganismo

Compreende-se, então, a função social do combate ao candomblé: traduz um antigo ritual cristão numa linguagem pagã. Os pastores dão pouca importância ao conhecimento das Escrituras, servem-se delas como relicário de exemplos. Importa-lhes mostrar que o Diabo, embora tenha sido criado por Deus, depois de sua queda se levanta como potência contra Deus e, para cumprir essa missão, trata de fazer o mal aos seres humanos.
O mal nasce do mal, ao contrário do ensinamento judeu-cristão que o localiza nas fissuras do livre-arbítrio. Adão e Eva são expulsos do Paraíso porque comeram o fruto da Árvore do Conhecimento do Bem e do Mal e assim se tornam pecadores, porque agora são capazes de discriminar os termos dessa bipolaridade moral.
Essa teologia pentecostal se aproxima, então, do maniqueísmo. Como sabemos, o sacerdote persa Mani (também conhecido por Maniqueu), ativo no século 3º, pregava a existência de duas divindades igualmente poderosas, a benigna e a maligna. Isso porque o mal somente poderia ter origem no mal. A nova teologia pentecostal empresta o mesmo valor aos dois princípios e, assim, ressuscita a heresia maniqueísta, misturando o cristianismo com a teologia pagã.

JOSÉ ARTHUR GIANNOTTI é professor emérito da USP e pesquisador do Centro Brasileiro de Análise e Planejamento. Escreve na seção "Autores", do Mais!.